Estou um pouquinho sem tempo para postar no blog, mas encontrei a matéria abaixo no Globo.com e estou postando para vocês:
"Para fazer história em Pequim, ginastas brasileiras encaram rotina de sacrifícios"
GLOBOESPORTE.COM acompanha treino da seleção feminina em Curitiba
Pedro Só e Simone Evangelista Do GLOBOESPORTE.COM, em Curitiba.
Pedro Só e Simone Evangelista Do GLOBOESPORTE.COM, em Curitiba.
Laís Souza chora de frio durante o treino
Sob a temperatura de 12º C, Laís Souza se esforça para esquecer o frio e executar sua série no
solo. Após muito esforço, pede para usar uma meia durante os exercícios, mas o técnico Oleg Ostapenko não deixa. Chorando, Laís vai ao banheiro. Minutos depois, recuperada, é consolada por Nadiia, esposa de Oleg e coreógrafa da seleção brasileira, que lhe dá um conselho: "Fazendo isso, você só estará beneficiando as suas adversárias". A atleta se acalma e, mesmo contrariada, segue para o salto sobre o cavalo.
O momento de choro é apenas um entre muitos vividos pelas ginastas da seleção brasileira feminina na luta para fazer história nas Olimpíadas de Pequim. No Centro de Capacitação Esportiva do Paraná, em Curitiba, as meninas se submetem a uma dura rotina de treinos e cobranças, longe de amigos e familiares, pela esperança de viver o sonho olímpico. A pouco menos de dois meses para os Jogos, o GLOBOESPORTE.COM acompanhou um dia desta intensa preparação. Naquela terça-feira, 10 de junho, Laís Souza, Jade Barbosa e Ana Claudia Araújo deixaram lágrimas sobre o tablado.
Sob a temperatura de 12º C, Laís Souza se esforça para esquecer o frio e executar sua série no
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O momento de choro é apenas um entre muitos vividos pelas ginastas da seleção brasileira feminina na luta para fazer história nas Olimpíadas de Pequim. No Centro de Capacitação Esportiva do Paraná, em Curitiba, as meninas se submetem a uma dura rotina de treinos e cobranças, longe de amigos e familiares, pela esperança de viver o sonho olímpico. A pouco menos de dois meses para os Jogos, o GLOBOESPORTE.COM acompanhou um dia desta intensa preparação. Naquela terça-feira, 10 de junho, Laís Souza, Jade Barbosa e Ana Claudia Araújo deixaram lágrimas sobre o tablado.
As atividades começam cedo, às 8h. Até o meio-dia, as ginastas terão se revezado entre exercícios de aquecimento, preparação física e acrobática, balé e, finalmente, as séries nos quatro aparelhos do esporte: salto, paralelas, trave e solo. Além do cansaço, três delas ainda lutam para ter o nome confirmado na lista de atletas que vão a Pequim. Segundo Oleg, Jade Barbosa, Laís Souza, Ana Claudia Araújo e Daiane dos Santos estão garantidas no time brasileiro. Milena Miranda, Ethiene Cristina e Juliana Santos brigam pelas outras duas vagas com Daniele Hypolito, que treina separada do grupo, no Rio de Janeiro.
Maiores destaques da equipe, Jade e Daiane recebem atenção especial de Oleg, enquanto as demais são observadas por Roger Medina, único técnico brasileiro da equipe. Calado, o ucraniano passa instruções em tom baixo, valendo-se de um português precário. Mas as ginastas não têm dificuldade de entender suas orientações, nem as da auxiliar-técnica Irina Ilyashenko, também ucraniana.
As ginastas falam pouquíssimo. No começo, o silêncio do ginásio só é quebrado pelo canto dos quero-queros do lado de fora. Em pouco tempo, porém, começam os saltos acrobáticos, em ritmo bem marcado: parece que há um Olodum ali dentro. Depois, vêm as músicas para o treinamento no solo. Ex-técnica de ginástica rítmica, Nadiia Ostapenko é a responsável pela coreografia das séries das ginastas.Também é dela que costumam vir as palavras de carinho para confortá-las. No entanto, o nível de exigência é o mesmo.
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As ginastas falam pouquíssimo. No começo, o silêncio do ginásio só é quebrado pelo canto dos quero-queros do lado de fora. Em pouco tempo, porém, começam os saltos acrobáticos, em ritmo bem marcado: parece que há um Olodum ali dentro. Depois, vêm as músicas para o treinamento no solo. Ex-técnica de ginástica rítmica, Nadiia Ostapenko é a responsável pela coreografia das séries das ginastas.Também é dela que costumam vir as palavras de carinho para confortá-las. No entanto, o nível de exigência é o mesmo.
Aos 25 anos e às voltas com uma dor de garganta, Daiane se destaca pela determinação. Mesmo cansada e sem conseguir mais sentir os próprios pés por conta do frio, ela repete sua série no solo
tantas vezes quanto acha necessário. Após quatro horas de trabalho, ainda encontra energia para brincar e arrancar um raro sorriso de Oleg. O técnico é enérgico, mas dá ordens em tom seco, sem exclamações. Muitas vezes, fala sem olhar diretamente para as atletas. Depois de intervalo para o almoço e os estudos (à exceção de Daiane e Laís, todas estão no Ensino Médio e têm aulas particulares em uma pequena sala no interior do ginásio), as atletas voltam para o treino da tarde, marcado para as 16h30.Antes de mais nada, se pesam, assim como no treino pela manhã. Para a maioria, um ritual de decepção na batalha constante contra a balança.
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A surpresa é a presença de Khiuani Dias, que aparece com uma tala na mão - devido a uma fissura - e participa como pode do treino, com exercícios aeróbicos e de flexibilidade. Ela conversa com as colegas, sem esconder o ar de tristeza. Tida como certa na equipe que vai a Pequim, provavelmente terá que adiar o sonho por mais quatro anos.
No tablado, Ana Claudia Araújo, 16 anos, sente o joelho esquerdo durante o trabalho acrobático. É a terceira ginasta a chorar apenas naquele dia. Assim como aconteceu com as outras, suas
lágrimas são silenciosas,não rendem redução na carga de exercícios. Mas, no caso dela, mais jovem, Oleg concede um raro afago no ombro.
- Todas as meninas sentem dor. Ele não é um privilégio meu, que tenho 25 anos e já tive problemas no joelho. Ginástica olímpica é busca de limites, e a dor faz parte desse processo – ensina Daiane dos Santos. Ocupadas com seus exercícios e acostumadas ao desabafo silencioso, as demais ginastas seguem com sua rotina até um momento de alívio: com uma viagem para Maceió marcada para a manhã do dia seguinte, o treino se encerra mais cedo - deveria ir até 19h, mas termina uma hora antes. Jade termina seu alongamento e joga o almofadão no chão, como se estivesse com raiva. É a deixa para que elas saiam do ginásio com o semblante feliz e cansado, após mais um dia de luta contra os próprios limites.
No tablado, Ana Claudia Araújo, 16 anos, sente o joelho esquerdo durante o trabalho acrobático. É a terceira ginasta a chorar apenas naquele dia. Assim como aconteceu com as outras, suas
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- Todas as meninas sentem dor. Ele não é um privilégio meu, que tenho 25 anos e já tive problemas no joelho. Ginástica olímpica é busca de limites, e a dor faz parte desse processo – ensina Daiane dos Santos. Ocupadas com seus exercícios e acostumadas ao desabafo silencioso, as demais ginastas seguem com sua rotina até um momento de alívio: com uma viagem para Maceió marcada para a manhã do dia seguinte, o treino se encerra mais cedo - deveria ir até 19h, mas termina uma hora antes. Jade termina seu alongamento e joga o almofadão no chão, como se estivesse com raiva. É a deixa para que elas saiam do ginásio com o semblante feliz e cansado, após mais um dia de luta contra os próprios limites.
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